A diplomacia americana sabia da prática de torturas usadas pelas forças de segurança indianas na Caxemira, segundo documentos diplomáticos vazados pelo WikiLeaks e publicados no jornal britânico "The Guardian". As mensagens diplomáticas revelam que a Embaixada dos Estados Unidos em Nova Délhi foi informada em 2005 pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha de que centenas de presos estavam sendo submetidos a surras, choques elétricos e práticas de humilhação sexual.
Outros documentos, alguns de 2007, refletem a preocupação dos diplomatas americanos pelos abusos sistemáticos dos direitos humanos das forças de segurança indianas, que torturavam os detidos para obter confissões.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha realiza um trabalho sigiloso e repassa as informações que obtém diretamente aos Governos, e não à imprensa, e por isso mantém os dados em segredo, como ocorreu no caso da Índia.
Mas, segundo as revelações dos documentos, o Comitê informou os diplomatas americanos que tinha feito 177 visitas a centros de detenção em Jammu, Caxemira e outros pontos da Índia entre 2002 e 2004 e tinha entrevistado 1.491 presos.
Em 852 casos, os detentos se queixaram de ter sido objeto de maus-tratos. Cento e setenta e um disseram ter recebido surras e 681 relataram que haviam sido vítimas de uma ou várias formas de tortura.
Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, todos os setores das forças de segurança indianas utilizam a tortura, um tipo de abuso que "acontece sempre na presença de oficiais".
Os presos "raramente são militantes, mas pessoas que se supõe que tenham informações sobre os insurgentes" e muitas delas morrem em consequência das torturas.
Segundo uma das mensagens norte-americanas, a situação na Caxemira "melhorou muito", já que as forças de segurança não acordam mais os habitantes de uma aldeia no meio da noite para prendê-los indiscriminadamente.
Fonte: Notícias Terra
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