quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A Liberdade de Expressão

Laerte Braga

Se você quiser dentes brancos, livres de bactérias e germes, que o tornam apto a pleitear empregos qualificados, ou a triunfar no mundo da sociedade do espetáculo, vai ter sempre um dentista pronto a recomendar determinado creme dental, ou determinada escova para transformá-lo num sucesso.

E todo um aparato tecnológico de propaganda para criar a sensação que você está imune a problemas bucais.

Já saúde pública na área, nem pensar.

Mas se a sua intenção for saber a última fofoca envolvendo figuras da televisão, também não tem problema. A própria mídia privada se encarrega de construir e desconstruir seus "heróis". Batendo às portas a edição de 2011 do Big Brother Brasil, versão nacional de um prostíbulo valendo um milhão de reais.

Tem um detalhe. Se o seu interesse for saber o que acontece de fato em seu país, aí meu caro, é um caminho inglório.

Na cabeça dos donos da mídia, a mídia privada e podre, liberdade de expressão é aquela paga pelo creme dental que deixa dentes brancos e limpos por doze horas e dá a você a sensação que nessa guerra por um lugar num palco imaginário, o seu lugar está garantido.


Sem contar que tem um tal produto que limpa e mata profundamente as bactérias e germes que teimam em permanecer no vaso sanitário de sua casa.

O vaso sanitário de John Lennon foi a leilão e valeu alguns milhares de dólares.

Que nem os tijolinhos que Edir Macedo e sua turma vão vendendo a cada dia para cada incauto, na ilusão de uma grande morada no céu.

Um dos últimos documentos do WikiLeaks sobre o Brasil mostram que o candidato José Serra – derrotado nas eleições presidenciais de outubro – já havia se comprometido com empresas norte-americanas (empresas e governos), a mudar tudo o que está proposto sobre o pré sal. Objetivo? Facilitar os negócios da turma que garante no mundo inteiro a democracia e a ordem. O direito de ter dentes brancos e limpos e vasos sanitários idem.

Os norte-americanos temem que novos documentos possam trazer consequências negativas junto a povos de países europeus e latino-americanos, novos rumos à guerra do Afeganistão (desmascarar a vitória que não está existindo).

A Europa vive hoje uma situação no mínimo estranha. A Grã Bretanha, por exemplo, é uma grande base militar dos EUA, os governos são submissos a Washington e o povo continua a achar que vive num país soberano, independente. O mesmo vale para a Alemanha, a Itália, a Suécia e outros tantos.

As revelações do WikiLeaks mostram o que Julian Assange chama de "tentáculos das elites" e podem resultar num acesso de consciência nos povos de países europeus e do mundo inteiro.

Perceberem, esses povos, que não têm mais os seus países. Que são usados na farsa político/democrática como instrumentos de uma ordem perversa, sinistra, controlada pelos norte-americanos.

O desemprego em países que tais, por exemplo, ou as medidas recessivas tomadas por "seus" governos. Na prática, consequência dos custos transferidos pelo império, de suas guerras coloniais na busca de fontes de energia (petróleo, gás, etc), minerais, e ao custo de vidas dos "aliados".

O horror da tortura, dos sequestros, dos estupros, dos assassinatos seletivos, toda a barbárie norte-americana e de governos cúmplices servida pela mídia em todos os cantos do mundo.

Aí nasce um problema. Nem toda a mídia, aliás, a grande maioria, está disposta a exercer o direito de livre expressão adjetivado, pois entende que livre expressão é aquilo que reflete o pensamento dominante, mais precisamente o pensamento de quem paga.

O grande temor dos norte-americanos se revela nas tentativas de controle de informações pela internet, o principal canal de liberdade de expressão lato senso, sem controle e sem pagamento.

No Brasil o agente norte-americano em fim de mandato de senador, Eduardo Azeredo, tem em tramitação um projeto nesse sentido. Existem semelhantes em vários países do mundo.

Os norte-americanos temem, evidente, que o cinismo da democracia que vendem, da diplomacia que exercem revele todo o império por dentro e por fora e acabe por indignar cidadãos tratados como se de segunda categoria o fossem.

Manada. Gado "tangido e moído".

Daí a importância da luta pela preservação do WikiLeaks, como de exigir a liberdade de Julian Assange, seu fundador e ora em prisões britânicas por conta do terror oficial de EUA-Israel Terrorismo S/A.

Tem filiais em todos os países da Europa, da América Latina, Ásia, África e Oceania.

Sequestram, torturam, estupram, matam, tudo na lógica que se pode encontrar no Ato Patriótico, documento assinado pelo ex-presidente George Bush, no "interesse da segurança nacional".

Para além das revelações trazidas a público pelo WikiLeaks existe a importância da luta pela sobrevivência da espécie em seu sentido e sua razão de ser.

Da liberdade de expressão sem adjetivos ou sem quem a defina e a limite aos interesses dos que pagam.

Os grandes jornais e revistas do Brasil, as maiores redes nacionais de tevê e rádio, mantêm um silêncio proposital sobre assuntos que incomodam, deturpam fatos que podem ser deturpados e tal e qual se comportaram na ditadura militar, aceitando passivamente a censura e vendendo a lantejoula do regime não querem que os brasileiros saibam o que pensam e querem de nosso País os norte-americanos.

Que na visão dos donos os militares brasileiros, como qualquer militar latino americano é "cooptável", vale dizer, serve a interesses não nacionais, bate continência para Washington.

A prisão de Assange é uma batata quente para norte-americanos e britânicos. O processo judicial deve arrastar-se, as acusações são inconsistentes. As reações mostram o largo apoio popular ao WikiLeaks na Europa e outras partes do mundo e pode desencadear um processo de luta que não interessa aos EUA.

É claro, muita gente embalada pelo espetáculo da eleição de um suposto negro para a presidência dos EUA entendeu que o mundo seria diferente.

Continua a mesma coisa e o que é preciso entender é que os EUA são o inimigo da liberdade de expressão, dos povos livres.

Seja no Iraque, no massacre contra palestinos, no Afeganistão, seja nos países europeus onde controlam governos, em qualquer parte do mundo onde ponham suas patas que aliás, têm cheiro dos coturnos nazistas.

A aliança com o narcotráfico nos governos sucessivos da Colômbia.

Existem e já são públicos documentos mostrando a cumplicidade de norte-americanos, ao fim da IIª Grande Guerra, com grupos de nazistas ligados a serviços de inteligência e transformados em agentes do Tio Sam.

O WikiLeaks é uma barreira que se levanta para mostrar que a barbárie capitalista não tem fronteiras e está recheada de boçalidade.

A sede é em Washington.

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