quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

As opiniões à respeito do Wikileaks

[Esse post é uma opinião do autor]


Desde o vazamento dos 250.000 documentos secretos pelo Wikileaks, Julian Assange tem sido alvo dos holofotes e de notícias dos principais meios de comunicação, como TV, jornais, revistas e principalmente, a Internet. Decorrente disso, diferentes opiniões quanto às suas condutas foram formadas, e da mesma maneira, quanto aos objetivos do site Wikileaks.

A maioria das pessoas que têm conhecimento da situação são a favor de Assange e do Wikileaks, assim como a liberdade de informação/expressão. Do mesmo modo, visam pela transparência nas relações diplomáticas entre os países, assim como repulsam os crimes de guerra cometidos pelos EUA na guerra do Iraque (também divulgados pelo site).

Entretanto, devido ao fato de tanta informação aparecer subitamente, alguns adotaram uma postura de desconfiança em relação ao Wikileaks e a própria pessoa de Assange, por acreditarem que as informações divulgadas até então são irrelevantes, ou que não afetaram em nada as partes envolvidas nos documentos vazados. Alguns ainda alegam que o Wikileaks não passa de pretexto para uma futura censura da Internet. E abrangendo outras vertentes, há quem acredita que Assange somente divulga mensagens de menor importância, enquanto que “vende” as informações e documentos mais valiosos a quem desejar.


É natural que dúvidas e questionamentos desse modo apareçam, já que, em especial no Brasil, o acesso às informações governamentais ainda é nebuloso, principalmente quando aparecem “de bandeja”, como no caso dos documentos que dizem respeito ao nosso país. Porém, os próprios fatos podem comprovar os efeitos que a publicação dos documentos está causando em todo o globo.

Começando pelos Estados Unidos. O país está entrando em uma saia justa cada vez maior, desde a publicação de documentos de guerra até o famoso vídeo que mostra civis iraquianos sendo mortos por ataques aéreos, colocando em pauta questões relacionadas aos Direitos Humanos e crimes de guerra [como se a própria guerra já não fosse um crime...]. Com o vazamento dos telegramas diplomáticos, os EUA tiveram suas segundas intenções expostas, comprometendo suas políticas externas. A grande potência mundial se sentiu tão prejudicada que acionou até a Interpol para prender Assange, sob um pretexto de estupro.

Fora os assuntos diretamente relacionados aos Eua, os documentos publicados, dentre outros assuntos, reforçaram a rejeição da Turquia por parte da União Europeia, mostraram que ainda há uma corrida armamentista (agora com mais participantes), e desmentiram várias políticas e imagens que países carregam por anos, como por exemplo a Suécia e sua fama de “refúgio à liberdade”. Aparentemente, soam como questões simples, mas que eclodirão em sérios conflitos futuramente – várias políticas diplomáticas certamente já estão sendo revistas. E isso porque nem 10% dos documentos foram divulgados ainda.

Sobre a censura na Internet, já é uma pretensão antiga dos Eua efetuar tal ação. Não é a eclosão de notícias vazadas do WikiLeaks que irá mudar ou dar motivo para o projeto de censura, já que este abrange vários outros fatores. Todavia, não é algo que deva ser deixado de lado, uma vez que do mesmo modo que o WikiLeaks, é a liberdade de informação que está em pauta. [para saber mais sobre o projeto de censura da internet, clique aqui]

De fato, ninguém pode dizer nada se Julian Assange divulga informações menos importantes e “comercia” as mais relevantes com as grandes potências. Mas a questão é que isso realmente não vem ao caso. Mesmo que, supostamente, ele faça isso, o simples fato de divulgar informações que antes eram restritas à população em geral já é algo positivo, e igualmente à maneira como prima pela liberdade de informação. Com a publicação de tais documentos, as pessoas querem cada vez mais a busca pela verdade, pela transparência governamental, e se verão incentivadas a expor também informações que primariamente, deveriam ser de domínio público. Como visto, já está surgindo outras organizações, como o OpenLeaks, e provavelmente deverão aparecer outras, independentemente de qualquer ato pessoal de Assange.

Em linhas gerais, o papel que WikiLeaks vem desempenhando é extremamente satisfatório. As próprias dimensões que o site está tomando, assim como a mobilização existente a seu favor demonstram o anseio da população por transparência, assim como liberdade de informação – que por sinal, é um dos melhores aspectos da organização, que apresenta as informações de maneira pura, do jeito que realmente são, sem alterações ou vícios – que tenta ser omitida e minimizada a todo custo pelos países envolvidos. Além disso, não deixa de ser um convite à maior participação política da sociedade, tendo em vista a descoberta de tantos atos deliberados sem o consentimento da população.

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